NOTÍCIAS DOS ESCOLÁPIOS

Conheça a história dos Escolápios no Brasil

Conheça a história dos Escolápios no Brasil

No dia 16 de julho de 1950, chegava ao Brasil o Pe. Francisco Orcoyen, da Província de Vascônia, parte da atual Província de Emaús, com a missão de fundar a presença escolápia no Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro e, poucos dias depois, viajou a Belo Horizonte, pois, nessa cidade, havia religiosas escolápias que já estavam cientes da vinda dos religiosos e acolheram o primeiro padre escolápio e, ainda, muito o ajudaram para a nova fundação.

O padre avaliou positivamente as possibilidades da nova fundação e escreveu ao provincial, pedindo mais religiosos, para iniciar a presença escolápia. Foram enviados mais três religiosos que chegaram no dia 10 de novembro do ano 1950. Eram os padres Eulálio Lafuente, Pedro Cenoz e Jesus Maria Perea, que não tinham nem 25 anos. Os quatro padres foram morar na primeira casa escolápia que, também, era colégio incipiente.

O Pe. Alberto Tellechea, que foi Vice Provincial, diretor do Colégio São Miguel e Pároco de Nossa Senhora das Graças, escreve com delicadeza aqueles primeiros momentos da fundação escolápia no Brasil. “Ajudados pelo Pe. Américo Taitson, pároco da paróquia de São Sebastião, Barro Preto, ex-capelão das Escolápias, viveram por algum tempo com ele na casa paroquial, que, naquela época, funcionava ao lado da referida paróquia, na Av. Augusto de Lima, até que se instalaram, pouco tempo depois, na Av. Tocantins (hoje Assis Chateaubriand), 499, Floresta, exatamente onde está hoje o Teatro Alterosa. Daquela época, só resta o murinho de arrimo, que conserva toda a sua consistência. Em janeiro de 1951, chega o Irmão Juan Odria. Padre Francisco percorreu vários bairros da cidade, às vezes, acompanhado pelo Arcebispo Dom Antônio dos Santos Cabral, escolhendo o bairro Floresta para a moradia e trabalho dos padres. Ele alugou uma casa de propriedade das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus que estava vazia, pois as irmãs se mudaram de cidade. O prédio estava em boas condições. O nome da nova comunidade foi escolhido em acordo entre o Arcebispo, Dom Cabral, e o Pe. Orcoyen: Comunidade de São Miguel Arcanjo. No dia primeiro de março de 1951, começaram as aulas do Ginásio São Miguel. “Tinha alunos de jardim (pré), o primário completo e curso de admissão. Era uma casa de sobrado, com um alpendre à cavaleiro da avenida, que dava acesso a uma capela, destinada à comunidade, mas aberta ao público para as missas. No pátio, todo acidentado, mas bem arrumado, havia pitangueiras, abacateiros, mangueiras, limoeiros e uma piscininha que não dava para nadar, mas dava para refrescar o corpo nos dias quentes do verão. No dia 17 de setembro de 1951, chegavam os padres Teodoro Araiz e Alberto Tellechea. A comunidade ficou composta por sete membros. Belo Horizonte era uma cidade de 350.000 habitantes”.

 

PRIMEIRA FASE: MISSÃO ESCOLÁPIA NOS COLÉGIOS

Naquela época, antes do Concílio Vaticano II, as congregações religiosas restringiam a projeção do carisma no âmbito das próprias obras. No caso dos escolápios, se reduzia aos colégios. Os padres escolápios, porém, ajudavam muito nas paróquias, pois a demanda pastoral era grande no Brasil e tinha poucos padres. Nessa primeira fase da presença escolápia, a obra que identificava o carisma escolápio eram os colégios, primeiramente foi o São Miguel Arcanjo de Belo Horizonte, perto da atual praça da estação, até que, em 1960, se construiu a parte antiga do atual Colégio São Miguel no bairro Nova Floresta. Dois anos depois, a convite do Arcebispo de Diamantina, assumiram o Colégio Ibituruna de Governador Valadares. Em ambas as presenças, porém, os religiosos padres ajudavam nas paróquias, celebrando missas, confessando etc.

No ano 1971, o Pe. Gregório Valência, Vice-Provincial na época, grande pedagogo e pastoralista, assumiu junto com outros religiosos (padres Pedro Cenoz, Jesus Maria Perea, Carmelo Marañón, William Alves Brini e Irmão João Odria, o Colégio Macedo Soares de Volta Redonda, propriedade da Companhia Siderúrgica Nacional, empresa estatal. Ao longo de dez anos, essa presença realizou uma missão extraordinária, tanto educativa como pastoral. O Pe. Carmelo lembra com muitos detalhes e saudade daquela presença.

 

SEGUNDA FASE: MISSÃO ESCOLÁPIA NOS COLÉGIOS E NAS PARÓQUIAS

A partir do Concílio Vaticano II, a vida religiosa é convidada, junto com toda a Igreja, a refletir e refazer o próprio lugar na Igreja e no mundo, não tanto na ótica do fazer mais do ser, quer dizer, mais a partir do carisma e da espiritualidade do que das atividades pastorais. A ação é essencial ao cristão, porém a partir de uma vivência pessoal e comunitária que brota do coração. A espiritualidade abrange a vida toda do cristão a partir da fonte que reside no amor divino e irriga o ser inteiro dos batizados. Os religiosos começaram a compreender que o carisma da congregação que, no caso dos escolápios se exprimia nos colégios, pode, também, ser vivenciado em outro tipo de obras. No ano 1973, o Pe. Eulálio Lafuente, que além de dirigir a Escola Municipal Presidente Médici, ajudava de forma permanente na Paróquia Nossa Senhora das Graças a pedido do primeiro bispo de Governador Valadares, Dom Hermínio, assumiu, a pedido do prelado, a condução da paróquia, sendo, assim, o primeiro pároco escolápio no Brasil.

Os padres Jesus Guergué e Félix Quiroga vieram, poucos anos depois, para se dedicar, plenamente, nessa paróquia. O Pe. Eulálio fundou, com jovens do Colégio Ibituruna, o Grupo Gente Nova que o ajudou a conseguir melhoras substanciais para a vida dos bairros que mais precisavam de todo tipo de infraestrutura, como a educacional. Conseguiram que o Estado de Minas construísse sete escolas públicas na região, para atender a imensa multidão de crianças, adolescentes e jovens. Os padres Jesus e Félix imprimiram um avanço pastoral enorme, organizando a catequese, círculos bíblicos, conselhos pastorais, equipes de liturgia e outros. Não se pode esquecer a presença, por uns anos, de uma comunidade religiosa feminina, das Irmãs da Anunciação (Azuis), que ajudaram muito nas pequenas comunidades, como no Bom Pastor.

Alguns anos depois, chegou a vez de assumir uma paróquia em Belo Horizonte. O Pe. Carmelo Marañón Otermin, quando voltou de Volta Redonda, onde ajudou a diocese com sua presença pastoral na Vila Brasília, organizou a catequese numa imensa região que contempla a atual paróquia São Marcos e outras cinco vizinhas. O mesmo padre preparou a chegada dos padres Jesus Guergé e Félix Quiroga em 1983, assumindo a paróquia São Marcos, que nascia com os escolápios, sendo o Pe. Jesus o primeiro pároco. Nós, hoje, conhecemos o trabalho realizado e o frutos que tem produzido essa paróquia, apresentada pelos diversos bispos que se alternam na cidade como modelo de pastoral.

 

TERCEIRA FASE: O CARISMA ESCOLÁPIO NAS OBRAS SOCIAIS

O convívio dos religiosos escolápios com o povo das periferias urbanas, a partir das paróquias, ofereceu a oportunidade de participar nos fortes e fecundos movimentos populares em favor de uma vida mais digna. As Campanhas da Fraternidade da Igreja no Brasil muito ajudaram nessa tomada de consciência e de organização de pastorais sociais, leis de cunho social etc. No ano 1987, a Campanha da Fraternidade abordou a situação dos Menores empobrecidos: “quem acolhe o menor a mim acolhe”. Nascia a Pastoral do Menor, e os escolápios participaram com empenho. A partir da Pastoral do Menor implantada em ambas as paróquias dessa época, surgiram muitas atividades de todo tipo, todas elas no intuito de educar a partir das diversas situações que as crianças e adolescentes viviam nas periferias, com muita omissão do poder público.

Em Governador Valadares, o Pe. Manuel Alfonso Díaz e, em Belo Horizonte, o Pe. José Carlos Fernádez Jorajuría assumiam a coordenação da Pastoral do Menor, que articulava e abrangia muitas atividades pontuais e continuadas. Na necessidade de oferecer propostas mais consolidadas e de preparação humana e profissional, era necessário programar tudo muito bem e com detalhe, a fim de angariar recursos fixos, que sustentassem essas atividades educativas. Assim nasceu a necessidade de criar entidades com identidade fiscal própria e registro no Ministério de Assistência Social, para conseguir verbas de forma regular e, assim, poder oferecer um serviço mais profissional com garantias. Logicamente, o voluntariado, assim como nas paróquias, era numeroso, abrindo espaço para participar da missão escolápia se identificando com o Fundador, São José de Calasanz.

Anos depois, quando se abriu a terceira presença em Serra, Espírito Santo, no ano 2008, assumiram-se, simultaneamente, duas obras, a Paróquia São José de Calasanz e o Centro Social São José de Calasanz. Foi a primeira paróquia escolápia no Brasil, que assumia o nome do nosso Santo Fundador. O primeiro religioso que iniciou essa presença foi o Pe. José Carlos Fernández Jorajuría quem, com imensa competência e coração, ainda maior, iniciava uma presença escolápia forte na identidade e na pastoral.

Cabe destacar, nessa etapa, o impressionante trabalho do Pe. Alfonso López Ripa em Governador Valadares, acompanhando e visitando centenas de doentes a cada ano e, ainda, reformando templos de comunidades cristãs de periferia, como Bom Pastor, Perpétuo Socorro, e construindo o templo de São José de Calasanz, bonito e grande, em honra do nosso santo fundador.

Nessa época, também, Deus agraciou os escolápios com muitas vocações religiosas, que se traduziam em profissões solenes e ordenações, como o caso do Pe. Enivaldo, muito querido pelos religiosos e pelo povo de Deus.

Merece lembrança especial o serviço extraordinário que realizou o Pe. Miguel Artola, como Superior no Brasil, entre os anos 1995 a 2007, animando, acompanhando, organizando, refletindo, estruturando a demarcação. Próximo aos religiosos, presente nas obras, muito bem situado na realidade latino-americana, ele muito contribuiu para fortalecer e orientar os escolápios no Brasil.

 

A FRATERNIDADE ESCOLÁPIA

            No ano 2007, participando o Vice-Provincial do Brasil em Assembleia Extraordinária da CRB (Conferência dos/as Religiosos/as do Brasil) em São Paulo, que durou uma semana, o Núncio do Papa, que esteve presente dois dias, apresentou uma proposta em nome do Papa para ser votada. O pedido de Roma consistia em que as congregações religiosas abrissem espaço em suas presenças e obras à participação de leigos e leigas no carisma das mesmas, pois, segundo o Concílio, o carisma pertence à Igreja e é aberto. Desse jeito, a finalidade das congregações de serem instrumentos de santificação na Igreja ficaria mais visível e palpável. A votação ofereceu um resultado surpreendente, pois TODOS OS VOTOS foram favoráveis ao pedido do Papa.

            O representante escolápio presente naquele evento voltou e levou para a seguinte reunião da congregação vice-provincial que decidiu levar a proposta de iniciar a Fraternidade Escolápia no Brasil para a próxima assembleia de religiosos. A Fraternidade Escolápia já existia em alguns países e, nesse momento, se olhou como exemplo a demarcação escolápia de Venezuela, que já contava com a Fraternidade. Na assembleia de religiosos, a aprovação foi geral. A partir de 2008, começou-se a preparar a proposta.

No dia 25 de março de 2009, iniciavam, simultaneamente em Governador Valadares e em Belo Horizonte, os primeiros grupos de discernimento para a Fraternidade Escolápia. Em Governador Valadares, os três religiosos da Comunidade Santa Doroteia (padres Carmelo, Enivaldo e Fernando) acolheram e acompanharam os membros que aceitaram fazer parte. 

A Fraternidade Escolápia oferece uma luz nova às presenças locais e às obras.

 

ESCOLÁPIOS BRASIL BOLÍVIA: VICE-PROVÍNCIA E PROVÍNCIA

No ano 2013, nascia a Vice-Província Brasil Bolívia, sendo o Pe. Juan Mari Puig o primeiro Vice-Provincial. Aconteceram vários intercâmbios e visitas entre ambos países, para se conhecer melhor, pois existia bastante desconhecimento prévio. Não houve um processo de preparação da união entre os religiosos de ambas as partes, fato que dificultou uma integração mais rápida e profunda. Por outra parte, precisam-se desconsiderar algumas informações que circulavam no sentido que os de uma parte não queriam aceitar a outra. Parece necessário, ainda, programar um processo de integração mais participado entre as partes, para superar algumas barreiras ainda existentes.

No dia 16 de janeiro de 2017 nascia a nova Província Escolápia Brasil Bolívia, sendo nomeado Provincial o Pe. Javier Aguirregabiria. O mesmo padre foi eleito duas vezes Provincial nos Capítulos Provinciais correspondentes, celebrados em Belo Horizonte. Foram criadas, também, duas presenças novas: Aracaju (capital do estado de Sergipe, no Nordeste Brasileiro) e Araguaína (no estado de Tocantins) que oferecem boas oportunidades de implantar e desenvolver o carisma e a missão escolápios. Apesar de fazermos parte da mesma província, por causa das distâncias que representam valores de viagens consideráveis, a Fraternidade, ainda, mantém dois conselhos diversificados. Não somente pela distância, motivo maior, mas, também pelo perfil de missão que, ainda, é bem diferente em ambas as partes da nova demarcação.

Precisa destacar que membros da Fraternidade do Brasil têm sido enviados como voluntários para a Bolívia. Fabiano e Aline, de Governador Valadares, foram, por um ano, a Cochabamba, e Neziane, de Serra, foi por dois anos a Santa Cruz de la Sierra. Muitos religiosos escolápios têm sido enviados de uma parte para a outra. Alex e Alexandre foram do Brasil a Bolívia em 2013. Wilson e Benito vieram da Bolívia para o Brasil. Enivaldo foi para a Bolívia. Alex, pela terceira vez, foi do Brasil para a Bolívia. Esses fluxos significam que existe um enriquecimento mútuo promissor que ajuda muito a se conhecerem melhor ambas as partes. Não podemos esquecer os muitos religiosos escolápios da África que têm vindo para o Brasil, enriquecendo, com sua própria vivência do carisma e da missão, as nossas presenças. O exemplo de Jean Luc, que faleceu dias depois de emitir os votos solenes, gravou-se profundamente no coração da presença escolápia de Belo Horizonte.

Related Articles

Image
Escolápios Brasil
Rua Ildefonso Alvin, 131 - Nova Floresta Belo Horizonte/MG - Brasil - CEP: 31140-270
secretariaprovincial@escolapios.org.br
55 (31) 3444-1955

Newsletter